Os nomes compostos, outra vez.

em 10/08/12


Tenho uma pequena implicância com as pessoas que insistem em dizer que os nomes compostos "já não se usam". Concordo com a ideia de que hoje em dia os pais optam mais por nomes únicos, mas daí a concluir que não se usam vai uma grande distância. Aliás, basta olhar para o nome mais registado em Portugal para perceber que isso não deve ser verdade. Maria teve 5040 registos. Já o nome masculino mais registado, Rodrigo, teve 2541. A diferença é brutal, o que a meu ver pode ser explicado pelo facto de Maria ser frequentemente usado como primeiro de um nome composto. 
E isto leva-nos a outra generalização: os nomes compostos femininos só são admissíveis se começarem por Maria, como Maria Leonor, Maria Beatriz, Maria Inês, Maria Benedita, Maria Francisca, Maria Rita... Os restantes são quase sempre apelidados de pirosos. 
Pois eu, Ana Filipa, assumo pela milionésima vez: nisso, sou muito mais anos 80. E identifico-me com a tradição anglo-saxónica, que também se preocupa com a harmonia dos dois nomes, mas que valoriza mais ainda a particularidade do segundo (a esse respeito, leiam o delicioso depoimento da autora do Appellation Mountain). 
Não pretendo impingir a ninguém a necessidade de usar um segundo nome, mas também não aceito que me tentem vender a ideia de que um segundo nome é uma trivialidade totalmente dispensável.

Atualização
Em 2014, o blog divulgou a lista de nomes compostos registados em 2013 e é possível confirmar que os nomes compostos continuam a usar-se bastante. Poderá ler mais sobre isso aqui

7 comentários:

  1. Reparei recentemente que de facto se utiliza com muito mais frequência do que antes um nome próprio apenas. Não sabia que era assim. Por acaso gosto bastante mais de um só nome próprio: mas exactamente pelas razões opostas à do "trend" actual. Sendo eu dos anos 70, na minha família usa-se bastante, desde essa altura, apenas um nome. Ora nessa altura era muito incomum. Passei muitos anos de estudante como a única ou umas das únicas que tinha apenas um nome. E foi ficando esse hábito pelas geraçõe seguintes quase como tradição familiar...

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  2. Apesar de gostar imenso de apenas um nome e os nomes dos meus filhos (Francisco com 5 anos; Vasco e Vicente ainda na barriga) se prestarem a isso há que ter atenção por exemplo ao apelido que se lhes segue. Como não gostamos de nomes muito longos por sabermos como custa estar uma eternidade a escrever o nome completo optámos por colocar apenas o meu ultimo apelido e o ultimo do pai e como o meu é Conceição o que pareceria um segundo nome, todos os filhotes têm nomes combinados e como nem sempre soam bem, fomos pelo caminho mais fácil e seguimos a tradição familiar - Manuel como segundo nome desde o tempo dos avós.

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  3. Pelo que se passa à minha volta, quase toda a gente tem dois nomes próprios, independentemente do gosto, é raro encontrar alguém sem um segundo nome. Dos bebés que têm nascido muitos têm segundo nome. Não acho nada que "já não se usa", usa-se sim! Penso que mais casais podem optar por um primeiro nome único por não acharem "quase obrigatório" ter um segundo nome. A minha mãe conta que não encontrava nenhum segundo nome que lhe preenchesse as medidas para Dora, acabou por um escolher um só porque achava estranho ter uma Ana Cristina e uma Dora "só Dora, não!". Ter um segundo nome não é uma tendência dos anos 80, existem combinações que podem lembrar algumas muito usadas nos anos 80, como Paulo Jorge ou Mónica Alexandra.
    O número de Marias sugere exactamente que muitas delas devem ter segundo nome. Só por ser Maria não quer dizer que seja um nome bonito ou distinto. Como já disse diversas vezes, um dia quando tiver filhos, colocarei apenas um nome próprio, baseada na minha experiência de ter dois nomes e durante muitos anos não gostar de nenhum deles. Hoje consigo gostar de Dora mas continuo a não gostar da combinação dos dois nomes.
    Adoro nomes e por adorá-los tanto, não consigo ponderar fazer escolhas seguras para combinar os meus nomes favoritos. Neste momento o meu nome favorito é Laura. Maria Laura ou Ana Laura são bonitos e são seguros, mas acabam por tirar algum do fascínio de Laura, não é? ( ou estou apenas traumatizada com o meu nome? :))

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  4. Para mim um nome composto é um nome que se usa sempre junto, como se tivesse um hífen: Maria Beatriz, Ana Filipa, João Pedro, José Carlos, Luís Filipe, etc. Não me parece que estes tenham perdido muita popularidade. Lá está, as Anas estão outra vez a perder popularidade para as Marias.

    Outra coisa é teres um "middle name", que é um segundo nome para lá daquele que realmente usas no dia a dia. Acho que é uma coisa que é desnecessária a menos que tenha um significado muito forte para os pais (familiar, religioso, cultural, whatever).

    Principalmente porque em Portugal os segundos nomes são *sempre* os mesmos - Miguel, Filipe, Manuel e Alexandre para os rapazes; Isabel, Sofia, Alexandra e Filipa para as raparigas; e Maria para todos (em certos círculos) - que são escolhidos "só porque sim" e tornam qualquer nome aborrecido e vulgar. Basta comparar Rodrigo Miguel com Miguel Rodrigo - o segundo é mil vezes mais bonito e interessante. Essas combinações "chapa cinco", sim, é bastante piroso.

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  5. Venho dar a minha participaçao :)

    Ora, eu propria tenho um nome proprio apenas e lamento pois, 2 nomes proprios sao sempre uma oportunidade para escolher um dos nomes caso a pessoa um dia descubra que nao acha grande piada ao primeiro. Mas esta é a minha opiniao.
    ***
    Eu vivo em França e aqui ha uma grande diversidade cultural no que toca aos nomes. Para além de ser muito mais comum so ter um nome proprio, também so têm por norma o nome de familia do pai, o que para mim choca-me um pouco, mas ja discuti este tema com franceses e eles acham ter todo o sentido dado que à partida a mãe ja todos conhecem e têm "a garantia" ;)

    Ou seja, creio que isto acaba por resultar como o reflexo da propria sociedade. Os franceses sao um pouco minimalistas (a propria legislaçao limita o numero de nomes a utilizar!) e talvez mais conservadores. Uma historia paternalista!

    Os portugueses como maternalistas insistem e muito bem ;) nos apelidos de ambos (mae e pai) e acho muito bem que seja permitida esta liberdade de escolha entre um so nome proprio ou nomes compostos.

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  6. o que acham de olavo fica bem composto com qual outro nome....

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Num blog sobre nomes, vai mesmo optar por ser apenas Anónimo? :)